sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Estórias do Fusca


Aurino Araújo

O "coronel" Geraldo de Sá Bezerra, hoteleiro, capitalista e numismata de alcance internacional era figura indispensável nas rodadas de papo na antiga Locadora DUDU que funcionava na Rio Branco, já na "descida para a Ribeira".

Geraldo viveu intensamente seus oitenta e tantos anos, pois sua riqueza espiritual era bem maior que a fortuna material que possuía.

Dentre suas paixões - a maior delas, o cuido de sua valiosa coleção de moedas - destacava-se o Fusquinha 66, comprado "Zero Km" na Marpas e que se dividia em dois bens materiais: o próprio carro e a Nota Fiscal da compra do mesmo, lavrada na caligrafia de Gilson, atual presidente da empresa, nos tempos em que ainda era vendedor...

Por conta dessas preciosidades, Geraldo era alvo de brincadeiras maquinadas por Ronaldo, filho de DUDU, que gastava um bom tempo imaginando presepadas p´ra  empulhar o velho amigo.

Certa vez - com a conivência dos demais freqüentadores das reuniões na Locadora - Ronaldo engendrou uma trama em torno da famosa Nota Fiscal, a qual Geraldo dispensava um zelo comparável ao que dedicava ao Fusca 66.

Surgiu a estória de um colecionador do Rio de Janeiro que pagava um bom dinheiro por um documento dessa espécie, desde que comprovada sua originalidade.

O "coronel", que já tratava a fatura com zelo exacerbado, passou a considera-la de tal forma valiosa que trancou-a num dos cofres onde guardava suas moedas. E, podem acreditar, chegou a recusar uma oferta de R$1.500,00 pela dita cuja...

Doutra feita, encenou-se a "compra" do seu Fusca por um "comerciante de Campina Grande" que marcou encontro num dos sábados de papo na Locadora. Adredemente instruída, é evidente que a patota pressionou Geraldo a não vender seu amado Fusquinha. A carga foi tão grande que ele rasgou o forro do banco traseiro do pobre carro "para que o comprador desistisse"...

Lá de Cima - onde hoje mora - na certa o "coronel" nos estende seu perdão...

Não tinha preço, o Fusquinha

E sua Nota Fiscal...

Geraldo sempre o mantinha,

Nos "trinques", bem regulado.

Se, por todos, cobiçado,

Não tinha preço, o Fusquinha.

Mas, só de brincadeirinha,

Os da patota informal,

Em trama proposital,

P´ra lhe tirar um "sarro",

Armaram a "venda" do carro

E sua Nota Fiscal...

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