Decisão sobre adiamento da consulta partidária foi aprovado em votação apertada. Mais cedo, tucanos aceitaram participação de José Serra na disputa
Carolina Freitas
Executiva municipal do PSDB decide adiar prévias das eleições paulistanas para 25 de março
(Folhapress)
A
executiva municipal do PSDB aprovou na noite desta terça-feira o
adiamento das prévias do partido para eleições municipais paulistanas
para 25 de março. O placar foi apertado e a votação, tensa. Houve
bate-boca entre integrantes durante e depois da decisão. Dez membros
votaram pela transferência da consulta aos partidários, que estava
prevista para este domingo. Oito foram contra.Mais cedo, a cúpula do PSDB aprovou por unanimidade a entrada do ex-governador José Serra. A decisão foi tomada no mesmo dia em que Serra formalizou seu desejo de participar do processo de escolha. O prazo formal original para se inscrever nas prévias terminou dia 14 de fevereiro. E a data limite para realização da votação, fixado pela executiva estadual, é 30 de março.
O
encontro durou três horas e foi marcado pela confusão. Teve dedo em
riste e gritos. “Não foi possível construir um consenso. Eu tentei como
presidente construir, conversando com os dois candidatos que ficaram,
com os que saíram e com Serra”, disse o presidente municipal do PSDB,
Júlio Semeghini. “Depois de tanta reunião, o adiamento ainda teve que ir
a voto.”
Semeghini
atribuiu o acirramento dos ânimos à preferencia de alguns integrantes
da executiva por certos pré-candidatos. “Infelizmente algumas pessoas
decidiram não pelo que foi melhor até esse momento, mas pensando no seu
candidato”, disse. O dirigente afirmou que a extensão do prazo é
importante para que os filiados que votarão nas prévias sejam informados
com clareza sobre as mudanças nos nomes dos pré-candidatos. Nos
próximos dias, a direção da legenda pretende agendar debates entre
Serra, Ricardo Trípoli e José Aníbal.
Enquanto
Semeghini concedia entrevista, o vice-presidente do PSDB-SP, João
Câmara, gritava que o resultado da reunião era uma “palhaçada”. Aos
gritos, Câmara interrompeu Semeghini, dizendo que a culpa da desunião
era de Serra. O presidente negou e disse que toda decisão da executiva
envolvia debate e discussão. “Vamos respeitar a decisão da maioria”,
encerrou Semeghini.
Trípoli,
que também integra a executiva, saiu desapontado da sala. “Perdemos”,
disse. Depois que Semeghini deixou o prédio, o vice João Câmara seguiu
bradando contra Serra e discutiu com o vereador Gilson Barreto, que
tentava amenizar a situação. “Se Serra quisesse, ele tinha tempo hábil
para ter se inscrito nas prévias. Às vésperas do pleito ele põe o nome
dele e impõe como condição adiar para o dia 25. Para ele ter mais tempo
para quê? ”, disse Câmara. “Ele tem é medo das massas. Serra veio para
rachar o partido!”
O
grupo de Câmara defendeu na reunião que, se era necessário adiar a
votação, que fosse para o dia 11. A proposta, no entanto, foi derrotada
por dez votos a oito. Júlio Semeghini colocou na mesa então a ideia de
adiar as prévias para o dia 25, que acabou vitoriosa.
Pouco
antes do fim da reunião, houve discussão entre o vereador Floriano
Pesaro e um enviado de Andrea Matarazzo – o secretário da Cultura
retirou o nome da disputa em favor de Serra e é aliado de primeira hora
do ex-governador. Pesaro foi para uma sala ao lado do recinto onde
acontecia a reunião e discutiu com o dedo em riste com o auxiliar de
Matarazzo. Foi necessário que um terceiro integrante do diretório
apartasse a briga, puxando Pesaro pelo braço. Para tentar abafar o
barulho, um funcionário do PSDB aumentou o volume da televisão que fica
na antessala do diretório, onde a imprensa aguardava o desfecho da
reunião.
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