
“Realizamos sete estudos experimentais
que nos levaram a conclusões surpreendentes, disse ele em entrevista à
agência de notícias Efe. “Normalmente se pensa que as pessoas com menos
recursos têm mais motivação para se comportar de maneira imoral,
antiética e violar a lei.”
A equipe, liderada por Paul Piff,
efetuou dois testes em situações normais para avaliar as probabilidades
de os motoristas fecharem o cruzamento de outros veículos em uma
intersecção muito transitada de duas ruas, bem como de pedestres em uma
esquina da mesma área de San Francisco.
O fator de referência foi a marca do veículo, a idade e aparência do motorista para apontar sua classe social.
Os autores descobriram que uma
porcentagem mais alta dos motoristas de veículos caros (“um Porsche ou
uma Ferrari”, disse Mendoza-Denton) se antecipava ao cruzamento de
outros veículos ou dos pedestres, comparado com os motoristas de
veículos de menos luxo.
Outros cinco experimentos realizados em
laboratório com estudantes e pela internet, com uma amostra de alcance
nacional de adultos, revelaram que os participantes que se consideravam
de “classe alta” tinham mais tendência a tomar decisões antiéticas do
que os de “classe baixa”.
Entre esses comportamentos está furtar
objetos valiosos de outras pessoas, mentir em uma negociação ou aumentar
as possibilidades de ganhar um prêmio e dar aval a uma conduta
incorreta no trabalho.
“O importante não é apenas a conclusão
de que as pessoas que estão mais acima tendem a se comportar menos
eticamente, mas avaliar por que o fazem”, declarou Mendoza-Denton.
“Descobrimos que as pessoas de classe
baixa ou que se percebem como tal estão mais expostas a perigos, têm
menos recursos e um trabalho que não é estável, o que torna suas vidas
menos previsíveis”, disse o pesquisador. ”Os cidadãos desse nível social
trabalham mais para garantir que as relações humanas serão fortes e
duradouras”, acrescentou.
Por outro lado, os membros da classe
alta, “como têm mais recursos, se sentem mais seguros, têm o luxo de ser
mais independentes, tendem a focar os pensamentos e as emoções em si
mesmos e pensam menos nas consequências que seu comportamento tem para
outros”, concluiu Mendoza-Denton.
Pessoas de classes mais altas também
demonstraram ser menos propensas a dizer a verdade em uma negociação
hipotética de emprego, na qual atuaram como empregadores tentando
contratar alguém para um trabalho que sabiam que seria encerrado em
breve. E, quando receberam um recipiente com doces, que os pesquisadores
informaram ser para crianças que participavam de experiências em um
laboratório vizinho, os mais ricos tiraram mais balas do que os demais,
quando informados que poderiam pegar algumas.
Os mais ricos também parecem ser mais
focados em suas metas, veem a ganância de forma mais positiva e têm
sentimentos mais fortes de autoindulgência, revelou o estudo.
“A busca do interesse próprio é uma
motivação mais fundamental na elite da sociedade e o desejo aumentado,
associado a maior riqueza e status podem promover más atitudes”,
destacou o estudo, publicado na revista especializada “PNAS”.
Fonte: Folha
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