quarta-feira, 30 de março de 2011

Pré-sal traz desafios para o Nordeste

Seminário promovido pelos Diários Associados discute inserção da região na cadeia de exploração de petróleo


É no Nordeste que se deu início à exploração do petróleo no Brasil. Em 1948, antes mesmo da criação da Petrobras, o Brasil já tinha uma refinaria operando em Mataripe, na Bahia. No entanto, ao longo da história do país, a região foi perdendo relevância na cadeia de petróleo e gás, que passou a se concentrar no Sul e Sudeste. O pré-sal, estimado em até 16 bilhões de barris na faixa litorânea entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, promete dobrar as reservas brasileiras. O desafio agora é fazer dessa descoberta uma oportunidade para o desenvolvimento mais amplo do país, trazendo de volta para a região os investimentos no setor. Ontem, os Diários Associados promoveram um debate do tema através do seminário "O Nordeste e o pré-sal", realizado no hotel Golden Tulip Recife Palace, no Recife, com patrocínio da Petrobras.


Economista Tânia Bacelar ressalta que produção de insumos para abastecer o setor deve ser explorado Foto: Lais Telles/Esp DP/D.A Press.
"A região está na história da produção de petróleo. Os primeiros poços e a primeira refinaria foram na Bahia. A exploração em reservatórios situados na área offshore iniciou-se em 1968,em Sergipe, no campo de Guaricema. Foi antes da crise do petróleo em 1973", conta a economista Tânia Bacelar, diretora da Ceplan Consultoria e uma das palestrantes do seminário. De 2006 para 2009, a participação do Nordeste no cenário nacional de emprego no setor de petróleo e gás caiu de 23,5% para 21,8%. No mesmo período, passou de 52,7% para 53,5% no Sudeste. Entre 2000 e 2009, o percentual dos royalties pagos ao Nordeste foi reduzido de 30% para 17%. Enquanto isso, o Sudeste que, tinha 62% dos royalties em 2000, abocanhou 78% do total em 2009.

O anúncio das três novas refinarias para a região, nos estados de Pernambuco, Ceará e Maranhão, é uma decisão estratégica. "De toda a cadeia, o refino é o que mais gera emprego. Mas não devemos focar só nos derivados. Hoje a produção metalúrgica, de materiais elétricos, de máquinas e de equipamentos está concentrada no Sudeste. Temos que ficar de olho nisso, porque esses setores serão acionados na exploração do pré-sal", afirma Bacelar.

"Foi observando essa necessidade, que foi criado o projeto Suape Global", relata Geraldo Júlio, secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. Com o objetivo de criar um polo provedor de bens e serviços para a indústria de petróleo, gás, offshore e naval, o projeto tem atuado em diversas frentes, qualificando o empresariado local e atraindo empresas de fora de Pernambuco e do país. Segundo o secretário, investimentos como a Refinaria Abreu e Lima, a Petroquímica Suape e o Estaleiro Atlântico Sul já estão mudando a matriz econômica do estado. "O pré-sal não é o futuro. Já é uma realidade em Pernambuco", destaca Júlio.

Nenhum comentário: