sexta-feira, 8 de abril de 2011

Caçambeiros: aparece mais uma dívida da Urbana

A dívida da Urbana com os caçambeiros, responsáveis pela coleta de podas e entulhos nas quatro zonas de Natal, pode ultrapassar R$ 1 milhão. Sem receber há cinco meses, cinqüenta motoristas paralisaram as atividades desde a semana passada na esperança de conseguir o salário. A diretoria de operações do órgão garantiu pagamento parcial para hoje.

Ontem, os caçambeiros estavam eunidos no bairro de Bom Pastor para protestar pelo atraso e pelas promessas não cumpridas. Segundo os caçambeiros, a Urbana deve R$ 9.500 por dia trabalhado ao grupo. Em cinco meses, esse valor acumulado soma aproximadamente R$ 1 milhão, sem contra com os sábados e domingos. O valor diário foi  repassado pelo motorista Francisco Carlos, que está à frente do protesto.

Na manhã de ontem, mais de 30 caminhões e caçambas se aglomeravam ao lado do cemitério do Bom Pastor chamando atenção para a causa. Francisco afirmou que já recebeu promessas de pagamentos que não foram cumpridas. “Eles disseram que iriam pagar novembro e dezembro na semana passada, mas isso não ocorreu. Menos de 10% do pessoal recebeu algum dinheiro desses meses. Queremos uma solução definitiva”, disse o motorista.

O reflexo do atraso é visto no cotidiano dos trabalhadores. Raimundo Vicente, de 57 anos, disse que está sem pagar o aluguel  e que a família enfrenta dificuldades para se alimentar. “Não tenho dinheiro para o aluguel e estou com medo de que acabe a comida em casa e não tenha como comprar”, relatou o homem, que presta o serviço há dois anos e meio para a Urbana.

Com 25 anos de contrato com o órgão de limpeza, Carlos Ferreira, 58 anos, disse nunca ter passado por uma situação como essa. “Nunca vi um problema assim. Não sei como vou pagar as prestações do meu carro e minha moto. Tem gente que está com emplacamento do veículo que trabalha atrasado”, esclareceu.

Para os caçambeiros, os preços pagos pela Urbana  apresentam defasagem em relação aos pagos para as empresas do setor. “Enquanto a Líder e a Marquise recebem uma média diária de R$ 70 por caminhão, nós cobramos R$ 7,50”, disse Francisco Carlos.

Ele ressaltou que a Urbana não encontrará prestadores de serviços mais barato do que os caçambeiros. “Se acha que não está legal, é só pagar e dispensar a gente. Mas só vai achar empresas muito mais caras”.

Alguns caminhões e caçambas acompanham os garis que limpam as ruas das cidades. Assim como acompanham equipes das podas e recolhimento de entulhos nas quatro zonas da cidade.

Diretor garante pagamento de 40% da dívida ainda hoje

Em contato com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE, o diretor de operações da Urbana, Alexandre Miranda, apontou os números que considera corretos sobre a dívida e a quantia que será paga hoje. Para ele, os cinco meses de atraso geraram um débito de R$ 797.905,92. Hoje, serão pagos R$ 347 mil. O número representa cerca de 43% do valor total.

À TRIBUNA, Alexandre revelou que há a possibilidade de rescisão de contratos após o pagamento. “Iremos tentar otimizar a utilização dos equipamentos e tirar de circulação veículos defeituosos. Para isso, rescindiremos alguns contratos”, disse.

O diretor condenou a iniciativa de paralisação dos motoristas, justificando que a melhor saída sempre é o diálogo. “Existem problemas e sabemos da gravidade. Disse a eles que estávamos empenhados em resolver e que o diálogo é a melhor saída, ao invés de prejudicar a população pela paralisação”, pontuou.

Ressurgimento de “lixão” é mais um problema

O problema da Urbana – quanto a qualidade da limpeza em Natal – não se resume às dívidas  com os caçambeiros. Recentemente, o ressurgimento de um lixão em Cidade Nova, zona Oeste de Natal, tornou-se alvo de investigação por parte do Ministério Público Estadual.

O promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, João Batista Machado, reiterou no início do mês o pedido para realização de inspeção judicial na estação de transbordo de Cidade Nova. O requerimento foi encaminhado à 18ª Vara Cível da Justiça Estadual, depois que o promotor soube, por reportagem da TRIBUNA DO NORTE, que 50% do lixo da capital está ficando na estação, sem o destino adequado.

O gargalo, ressaltou o promotor, não está na saída do lixo, mas na recepção dos caminhões no aterro sanitário, situado no distrito de Massaranduba, no município de Ceará-Mirim.

A Prefeitura de Natal tem dívida de R$ 5 milhões com a Braseco, empresa responsável pelo aterro sanitário de Ceará-Mirim – que deveria receber todo o lixo de Natal. Nessa dívida, estão  incluídos sete meses (de setembro de 2010 a março de 2011) e um pagamento pendente de novembro de 2008. “Não adianta a Urbana mandar mais lixo se a falha está na recepção”, alertou João Batista Machado na oportunidade.

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