Do Diáriodepernambuco.com
O
terremoto de 2010 que devastou o sul do Haiti pode ter aberto uma nova
era de atividade sísmica e os habitantes devem se preparar para mais
tremores maciços, alerta um estudo americano publicado na quinta-feira.
O
terremoto de 7 graus que matou 250 mil pessoas e destruiu grande parte
da capital Porto Príncipe teve uma magnitude que não se via na ilha
desde o século 18, de acordo com o Boletim da Sociedade Sismológica da
América.
Um terremoto equivalente de magnitude 6,6 em 1701, com
epicentro na mesma região e descrito de forma semelhante ao de 2010, de
acordo com relatos históricos, foi seguido de três terremotos, dois em
1751 e um em 1770, destacou o estudo.
Esses terremotos seriam
equivalentes atualmente a 7,5, 6,6 e 7,5 graus e estavam todos
localizados na - ou próximo da - mesma rachadura na crosta da Terra
conhecida como falha de Enriquillo, que se estende pelo sul do Haiti e
pela República Dominicana.
O sistema de falhas acumulou "um
potencial de deslocamento considerável" desde o século 18 e os níveis de
estresse regionais na Terra podem ser suficientes para provocar mais
tremores maciços nos próximos anos, disse a pesquisa.
"O
terremoto do Haiti de 2010 pode marcar o começo de um novo ciclo de
grandes terremotos no sistema de falhas de Enriquillo depois de 240 anos
de calmaria sísmica", prevê o estudo, dirigido por William Bakun, do
Serviço Geológico dos Estados Unidos (US Geological Survey, USGS).
"O
sistemas inteiro da falha de Enriquillo parece estar ativo
sismicamente; o Haiti e a República Dominicana devem se preparar para
terremotos devastadores no futuro", acrescenta.
O estudo de Bakun
analisa a história dos terremotos e furacões da ilha caribenha
conhecida como "A Espanhola" desde sua descoberta por Cristóvão Colombo
em 1942 e rapidamente colonizada por europeus.
"Há amplos relatos
espanhóis, franceses e britânicos descrevendo as condições sociais e
físicas da Espanhola nos últimos 500 anos", informa o estudo.
"Os cinco séculos de história sísmica da ilha Espanhola é, sem dúvida, o mais longo no hemisfério ocidental", continua.
Com
essa perspectiva histórica, os registros sísmicos da ilha são
comparáveis aos da falha de San Andreas, na Califórnia, onde 56 anos de
"significativa atividade de terremotos", iniciados em 1850, culminaram
no terremoto de 7,8 graus de magnitude momento, registrado em San
Francisco, em 1906, destaca Bakun.
Analistas do USGS preveem que
há uma probabilidade de 62% de ocorrer outro terremoto maior e mais
devastador em San Francisco em 2031.
Embora a ciência ainda seja
imprecisa para prever terremotos, sismólogos estão ganhando mais
conhecimento sobre as taxas de risco, ao usar tecnologias avançadas e
examinar os registros históricos em busca de pistas.
Não há
relatos de terremotos na área antes de 1700 e nenhum comparável até
2010, apesar de ter havido um terremoto em 1860 centrado mais ao norte
da ilha e considerado sem relação com o sistema de falhas.
Uma
análise dos padrões passados sugere que o terremoto de 2010 foi uma nova
ruptura da mesma zona, como em 1701, indicando que o sistema de falhas
de Enriquillo pode estar em um ciclo de 310 anos, diz o estudo.
Bakun
e seus colegas observaram que grande parte da devastação em torno da
capital em 2010 foi causada por "práticas de construção inadequadas" e
pediu mais esforços de mitigação da destruição dos prejuízos sísmicos na
futura construção do sul do Haiti e da República Dominicana.
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