domingo, 29 de janeiro de 2012

Volta às aulas vai gerar aumento de 30% no fluxo de trânsito em Natal

Na próxima semana grande parte dos estudantes de Natal retornarão às aulas e com isso um problema vivenciado diariamente pelo natalense deve se agravar: o trânsito.
 
A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) estima que, com o retorno das atividades nas escolas, haja um acréscimo de 30% no número de veículos circulando pela cidade, o que representa 96 mil automóveis. Portanto, se a situação já não é boa, a tendência é piorar a partir da próxima segunda-feira. Para tentar minimizar o problema do trânsito, a Semob pretende intensificar a fiscalização na porta das escolas e orienta os motoristas a fazerem uso de vias alternativas.

Nos horários de entrada e saída das escolas, tanto no período da manhã quanto da tarde, vários gargalos se formam em frente às instituições de ensino. No entanto, de acordo com a Semob, o pior horário é no fim da tarde, quando há a confluência de pessoas saindo do trabalho, filhos saindo das escolas e o maior número de ônibus nas ruas.O problema do grande número de veículos nas ruas é agravado pela falta de consciência e educação de alguns pais/motoristas no momento em que vão levar ou buscar os filhos na escola.

O diretor de fiscalização de trânsito da Semob, Marcio Sá, explica que a secretaria trabalha há anos a mudança de comportamento do motorista natalense, por meio de projetos que envolvem a sociedade civil organizada, as escolas e a Semob, justamente por reconhecer que esse é um dos principais problemas do trânsito que se forma próximo às escolas.
 
"A gente tem que frisar na educação e na mudança de cultura do povo natalense, porque nós infelizmente temos uma cultura provinciana, de querer sempre dar um jeitinho brasileiro, de sempre parar perto do lugar para onde vamos, de parar em lugar proibido para ser mais rápido, mesmo que isso coloque em risco a sua vida, a vida do seu filho, ou a vida do filho dos outros. É claro que a gente não pode generalizar, existem pais que são exemplos de cidadania, mas é impressionante como alguns pais insistem em colocar em risco o bem mais precioso deles: o filho.", disse.

A administradora de empresa Maria de Fátima Nóbrega, 38, sabe bem o que é isso. Ela transita todos os dias pela Avenida Romualdo Galvão e afirma que presencia diariamente pais cometendo infrações quando estão buscando ou deixando seus filhos na escola. "Essa avenida tem muitas escolas e os pais insistem em parar em fila dupla, não respeitam os outros motoristas que estão apenas passando e não se preocupam sequer com a segurança de seus filhos. Falta educação para muitos motoristas. Eu já estou até me preparando para a próxima semana, com a volta às aulas o trânsito aqui piora muito", disse.

Para tentar burlar o trânsito, a Semob orienta os motoristas a procurarem vias alternativas, saírem do eixo principal, de avenidas como a Salgado Filho e a Prudente de Moraes e se utilizarem de avenidas como a Jaguarari, São José, Rui Barbosa, Xavier da Silevira, Via Costeira, e Anel Viário do Campus. Além disso, a Semob orienta os pais a tentaremplanejar a busca com os filhos, para que o horário seja programado e combinado com a criança; e sempre que possível escalonar o horário do filho um pouco mais tarde para evitar aglomerações.

Semob incentiva adoção do Via Livre nas Escolas

Marcio Sá explica que as escolas também são responsáveis pela organização do trânsito em suas regiões e que a participação e o envolvimento dessas instituições em ações como o projeto Via Livre nas Escolas, por exemplo, é fundamental para a conscientização dos motoristas. "Muitas escolas tomaram esse projeto para si e estão levando em frente. É papel da escola também orientar e conscientizar os pais sobre o comportamento no trânsito. Algumas escolas chegaram a fazer obras para facilitar o embarque e desembarque dos alunos após os treinamentos do projeto, e essa deve ser também uma preocupação da escola", afirmou.

O projeto Via Livre nas Escolas está em seu terceiro ano. No primeiro ano a Semob custeou todas as ações: sinalizou as vias em frente às escolas com cones, levou agentes e educadores de trânsito para orientar os motoristas, disponibilizou viaturas, tudo em torno de um trabalho de educação e conscientização. No segundo ano foi o início da transferência de responsabilidade para as escolas. "A Semob nãopode ficar trabalhando o tempo todo em um local fixo, porque existem outras demandas na cidade. Então nós começamos a fazer treinamento com o pessoal das escolas, através de palestras, material educativo, orientação das equipes das escolas", explicou Marcio. Neste ano a Semob passa a fiscalizar também a atuação das escolas no sentindo de minimizar os problemas do trânsito em sua região.

Tolerância zero

A partir dessa semana os agentes de trânsito da secretaria serão deslocados para pontos de gargalos em frente às escolas e farão rondas por locais críticos. Na primeira semana o trabalho será de orientação aos pais, mas a partir da segunda semana os motoristas que cometerem infrações "típicas de porta de escola" serão multados. "Os pais costumam parar em fila dupla, estacionar em local proibido, quando vão deixar ou buscar seus filhos na escola. Na primeira semana estaremos lá para orientar, mas depois será tolerância zero. Quem cometer infração será multado", disse Marcio.

Transporte escolar pode ser alternativa

Para o diretor de fiscalização de trânsito da Semob, toda solução para congestionamentos e vias saturadas não está no trânsito e sim no investimento em transporte público de passageiros, seja ele escolar, táxi, alternativos, ônibus, o que quer que seja que leve uma quantidade maior de pessoas. "Uma das alternativas para diminuir o impacto no trânsito desses carros que voltam às ruas com o fim das férias escolares é o uso do transporte escolar. Cada transporte escolar tira da via 12 veículos por turno, 36 veículos por dia. Em Natal nós temos mais de mil transportes escolares devidamente registrados, então seriam pelo menos 36 mil veículos a menos por dia circulando nesses horários de pico, uma grande contribuição", disse.

O proprietário de dois veículos de transporte escolar Wanderson Martins de Souza, 36, afirma que a procura pelo serviço vem crescendo a cada ano, mas não credita esse aumento à uma questão de conscientização, e sim à falta de tempo dos pais. "Muitas vezes os horários dos pais não coincidem com o dos filhos e eles optam pelo transporte escolar. A procura pelo serviço vem crescendo a cada ano, mas ainda é uma minoria que opta pelo transporte escolar", disse. Wanderson, que está no mercado há nove anos, alerta para alguns cuidados necessários na contratação de um transporte escolar. "É importante verificar se o transporte é credenciado na Semob, conferir as condições do carro e a documentação do condutor. Além disso, é importante pesquisar o histórico das pessoas que trabalham no transporte e se existe alguma queixa em relação ao serviço prestado. O ideal é que haja indicação de alguém que já utilizou o serviço", disse.

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