
Nascido no Rio de Janeiro, em 23 de setembro de 1898, era filho do marceneiro e clarinetista da banda da Guarda Nacional, Eduardo Alexandre dos Prazeres, e da costureira Celestina Gonçalves Martins, tendo crescido nas cercanias da zona do Mangue e da Praça 11. Estudou no Colégio Benjamin Constant, no colégio de padres da igreja de Sant'Ana e no Externato Souza Aguiar, e era considerado um aluno muito levado e agitado, tendo sido expulso de todos os três colégios. Interrompeu seus estudos no quarto ano primário. Aos 7 anos de idade, começou a trabalhar nas ruas. Aos 13 anos, foi preso por vadiagem e passou dois meses na colônia correcional da ilha Grande. Frequentou as primeiras rodas de samba na casa da Tia Ciata. Na década de 1920, ficou conhecido como Mano Heitor, por andar em companhia de bambas como Ismael Silva, Paulo da Portela, Bide e outros.
Em 1927, venceu concurso de samba na casa de José Espinguela com "A tristeza me persegue", gravado em 1970 no LP "Portela, passado de glória". Nesse mesmo ano, começou sua famosa polêmica com Sinhô (a primeira polêmica na música popular brasileira). Apresentando-se em uma das mais populares festas do Rio de Janeiro, a de Nossa Senhora da Penha, onde eram lançadas as músicas que o povo cantaria durante o carnaval, Heitor foi surpreendido quando ouviu a música "Cassino Maxixe", gravada por Francisco Alves, tendo a autoria atribuída exclusivamente a Sinhô. Heitor ficou chateado e foi reivindicar sua parceria na música. Sinhô, meio desconcertado, desculpou-se com aquela célebre frase no mundo do samba: “Samba é como passarinho, a gente pega no ar”. Heitor, então, fez um samba de alerta aos companheiros, "Olha ele, cuidado!". Como resposta, Sinhô compôs o samba "Segura o boi". Em 1928, voltaram a brigar com o sucesso da gravação de "Gosto que me enrosco" (título definitivo de "Cassino Maxixe"), por Mário Reis. Na época, Sinhô era chamado de "Rei do Samba", o que levou Heitor a compor a música "Rei dos meus sambas". Sinhô tentou, inutilmente, impedir que o samba fosse gravado e distribuído. Embora mais tarde tenha vencido a questão e conseguido a quantia de trinta e oito mil-réis de indenização por sua parte no samba "Gosto que me enrosco" e também o reconhecimento do público nesta parceria, Heitor não conseguiu a indenização prometida por Sinhô.
Heitor dos Prazeres teve participação fundamental na criação das escolas-de-samba do Rio de Janeiro. Em 1928, juntamente com Nilton Bastos, Alcebíades Barcelos e Rubens Barcelos fundou a União do Estácio. No mesmo ano, participou da fundação das escolas de samba Portela e Estação Primeira de Mangueira.
Na década de 30, teve sambas gravados pelos grandes cantores do rádio, como Mário Reis (que gravou "És falsa"), Francisco Alves ("Tu já foste boa") e Silvio Caldas ("Amar! Meu bem").
Em 1931, casou-se com Dona Glória, nascendo como fruto desta união três filhas: Ivete, Iriete e Ionete Maria. Após a morte da esposa, em 1936, Heitor iniciou-se na pintura, como autodidata, estimulado pelo jornalista e desenhista Carlos Cavalcanti.
No final da década de 30, casou-se com Nativa Paiva, uma de suas pastoras, que lhe deu dois filhos: Idrolete e Heitorzinho dos Prazeres.
Nas artes plásticas, Heitor dos Prazeres teve seu trabalho reconhecido no Brasil e no exterior, com obras presentes em numerosas exposições, tendo, inclusive, um de seus quadros adquirido pela rainha da Inglaterra.
Em 1951, recebeu o 3º lugar para artistas nacionais na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, com o quadro Moenda, inspirado no universo do trabalho rural. Em 1953, foi homenageado com sala especial na 2ª Bienal Internacional de São Paulo. No ano seguinte, criou cenários e figurinos para o Balé do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Realizou sua primeira exposição individual, em 1959, na Galeria Gea, no Rio de Janeiro.
Heitor dos Prazeres faleceu no Rio de Janeiro, em 04 de outubro de 1966.
Em 1999, o Museu de Belas Artes, no Rio, realizou a mostra "As Três Artes de Heitor dos Prazeres", destacando sua atuação como pintor, poeta e compositor.
Um dos maiores sucessos de Heitor dos Prazeres, a música carnavalesca "Pierrô Apaixonado", foi escrita em parceria com Noel Rosa e gravada em 1936 por Joel e Gaúcho, com arranjo de Pixinguinha e acompanhamento da orquestra Diabos do Céu.
Abaixo, a canção é interpretada por Heitorzinho dos Prazeres, que seguiu os passos do pai, surpreendendo com o mesmo talento musical.
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