Por Luiz Carlos Merten
Na
recente Mostra Aurora, em Tiradentes, o que esteve em discussão foi o
cinema brasileiro de autor - não apenas os diretores e seus temas, mas
os métodos de produção que estão dando forma a um cinema alternativo, de
nicho Observadores internacionais, de festivais como Cannes, San
Sebastián e Veneza, analisaram a repercussão desse cinema, que tende a
ser o preferido dos curadores europeus, nas mostras paralelas dos
maiores eventos fílmicos do mundo. O papo agora é outro. Manoel Rangel,
diretor presidente da Ancine, a Agência Nacional de Cinema, entra em
cena para falar do mercado.
E para comemorar - os números finais
das bilheterias em 2011 confirmam a tendência de alta verificada desde o
começo de 2010. O mercado, como um todo, aqueceu-se. Os ingressos
vendidos no País chegaram a 143,9 milhões e a renda bruta nos cinemas
totalizou R$ 1,44 bilhão. O Brasil consolidou-se como um dos maiores
mercados do mundo. Intuitivamente, você deve ter percebido isso. Não foi
por acaso que Tom Cruise, Michael Bay, Vin Diesel, Antonio Banderas e
Salma Hayek estiveram no Rio para lançar seus filmes ao longo do ano.
Dentro
desse quadro, qual o papel da produção brasileira? Os filmes nacionais
venderam quase 18 milhões de ingressos, com mais de R$ 163 milhões de
renda bruta. Esse desempenho foi um dos três melhores do cinema
brasileiro, no próprio mercado, nos últimos dez anos. O número de longas
brasileiros lançados nos cinemas - 99 - foi o maior do mesmo período. E
há mais - "Sete filmes brasileiros venderam mais de 1 milhão de
ingressos e isso equivale a uma concentração menor do público em poucos
títulos", avalia Rangel. Em 2010, só para lembrar, "Tropa de Elite 2",
de José Padilha, fez sozinho cerca de 11 milhões de espectadores.
Em
2011, a participação dos filmes brasileiros nas salas de exibição - o
chamado 'market share' - ficou em 12,4%, ante quase 18% em 2010, mas
agora distribuídos em mais filmes. Três deles - "De Pernas para o Ar",
"Cilada.Com" e "Bruna Surfistinha" - ficaram entre as 20 maiores
bilheterias do ano, respectivamente em 11.º, 13.º e 19.º lugares. Os
campeoníssimos foram, mais uma vez, filmes de Hollywood - "A Saga
Crepúsculo - Amanhecer, Parte 1", fez 7.020.756 espectadores, seguido de
"Rio", a animação de Carlos Saldanha, com 6.352.260 espectadores e
"Harry Potter e as Relíquias da Morte, Parte 2", com 5.577.760
espectadores.
Naturalmente que o critério quantitativo não é o
único nem - talvez - o mais importante para se avaliar a produção de
cinema. Os críticos, leia texto, reclamam da contrapartida artística e
social, mas seria um erro subestimar ou mesmo negar a força do mercado,
principalmente nesta era de globalização. O cinema, afinal, é uma
atividade econômica, senão exatamente uma grande indústria no País.
Emprega gente, desenvolve tecnologias. E o próprio mercado não cessa de
surpreender. Existem filmes que são formatados para ele, produções
nacionais ou estrangeiras que fracassam na bilheteria. E existem os
filmes pequenos, autorais, que fazem (e formam) plateias.
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