terça-feira, 31 de maio de 2011

Garis ameaçam greve em caso de intervenção da Urbana

Paralisação por tempo indeterminado foi acatada pela categoria, antes mesmo da decisão do TJ
Maiara Felipe e Erta Souza

O Tribunal de Justiça ainda nem julgou o pedido de intervenção da Urbana feito pelo Ministério Público Estadual (MPE), mas os garis já avisaram que caso a juíza Andréa Régia Heronildes, da 18ª Vara Civil, julgue procedente a solicitação, na próxima segunda-feira, será deflagrada greve, por tempo indeterminado, dos trabalhadores da limpeza pública. Os garis temem que a intervenção fomente a liquidação da Urbana e gere uma série de desemprego.

"Se não tiver nenhuma negociação durante esta semana, a partir da próxima segunda-feira vamos paralisar as atividades por tempo indeterminado", avisou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Pública (Sindilimp), Fernando Lucena. Uma assembleia foi realizada na manhã de ontem com os garis, que decidiram optar pela paralisação caso a intervenção seja concretizada. Segundo Lucena, desde 2005 o sindicato vem fazendo denúncias sobre os problemas da Urbana, mas a entrada de um interventor não é bem vinda pela categoria.


Fernando Lucena, do Sindlimp, teme que a intervenção cause desemprego. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press
Na opinião dele, o Ministério Público tem o poder de fiscalizar, mas os garis estão com medo que a intervenção gere o fechamento da Urbana. "Não conheço até hoje um órgão que tenha passado por uma intervenção e não tenha fechado", declarou. A Urbana tem 1.400 funcionários, cerca de 800 são responsáveis pela limpeza pública da cidade. Lucena acredita que o grupo não poderia ser absorvido pela Prefeitura em caso de demissão, visto que o ingresso no serviço público é feito apenas através de concurso.

O procurador geral de Natal, Bruno Macedo, comentou que não espera que a Justiça julgue procedente o pedido do MP de interditar a Urbana porque isso acarretaria greve dos garis. "Não vamos nem pensar nisso agora porque esperamos que a Justiça não determine essa interdição", disse o procurador.

Além de apontar inflexibilidade por parte do Ministério Público, Lucena diz que a melhor saída para resolver os problemas da Urbana é a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). "As exigências são demais. Eu desafio o Ministério Público a mostrar uma capital do Brasil que recicle mais que 1% do lixo", disse o presidente do Sindicato. Lucena faz referência a um dos pedidos da Promotoria do Meio Ambiente, que propôs à Prefeitura reciclar 5% do total de lixo produzido na cidade em 180 dias. Em Natal, atualmente, o número é de 0,25%. O percentual foi divulgado em matéria publicada no Diário de Natal/O Poti no mês de abril.

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