segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quando o glúten é o vilão da saúde

Doença Celíaca se caracteriza pela intolerância à substância presente na proteína do trigo, aveia e cevada
Erta Souza // ertasouza.rn@dabr.com.br

Pão, biscoito e macarrão são alimentos comuns a pessoas de quase todas as idades e classes sociais. Além do carboidrato, esses produtos têm algo em comum que os impedem de ser consumidos pelos portadores da doença celíaca: o glúten. Ou seja, pessoas que têm intolerância permanente a essa proteína encontrada no trigo, aveia, centeio, cevada e malte - subproduto da cevada -, não podem ingerir alimentos, medicamentos, bebidas industrializadas, assim como usar cosméticos e outros produtos que tenham o glúten em sua composição.


Rita Medeiros: tratamento se resume basicamente a uma dieta livre do glúten. Foto: Erta de Souza/DN/D.A Press.
A doença celíaca se caracteriza por uma intolerância permanente ao glúten, que afeta principalmente o intestino delgado. A ingestão do glúten pelas pessoas que são diagnosticadas como portadoras da doença causa danos às vilosidades que revestem a parede do intestino. Por isso um dos principais sintomas da doença é a diarreia. A patologia pode acometer pessoas de qualquer idade, porém se manifesta mais em crianças com idade entre o primeiro e o terceiroano de vida.

A Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenalbra) estima que exista um celíaco para cada grupo de 100 a 200 pessoas nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, de acordo com a Fenalbra, não há número oficial sobre a prevalência da doença, embora uma pesquisa publicada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), em 2005, com adultos doadores de sangue, apresentou incidência de um celíaco para cada grupo de 214 moradores do Estado.

Embora pouco conhecida da maioria dos potiguares, a doença celíaca vem sendo diagnosticada com mais frequência no Rio Grande do Norte, segundo a gastroenterologista pediatra Jussara Melo de Cerqueira Maia. Atualmente cerca de 100 crianças fazem tratamento da doença no Hospital de Pediatria Professor Heriberto Ferreira Bezerra (Hosped), que integra o complexo de saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Acredita-se que o número de portadores da doença celíaca no Estado seja bem superior, já que muitas pessoas na idade adulta têmsido diagnosticadas como portadoras. "A divulgação que tem sido feita sobre a doença nos últimos anos têm permitido que mais pessoas se informem dos sintomas e procurem os especialistas mais cedo para iniciar o tratamento", acredita a médica.

O tratamento da doença celíaca basicamente se resume a uma dieta livre do glúten. A nutricionista Rita Medeiros afirma que pouco tempo após alterar a alimentação o paciente sente uma melhora significativa. "Em uma ou duas semanas o paciente já sente a mudança no organismo com a diminuição dos sintomas. A partir daí é só levar uma vida normal, desde que longe do glúten", destaca a nutricionista.

Outro problema apresentado pelas especialistas é a sub-notificação dos casos diagnosticados nos estados. Na ánalise da nutricionista, um dos motivos para essa sub-notificação no RN é o fato de o estado não contar com uma unidade da Associação dos Celíacos do Brasil (Acelbra). "Os profissionais que lidam diretamente com a doença, como nutricionistas, gastroenterologistas e pediatras estão se reunindo para criar a associação. Um espaço importante para informação e discussão entre pacientes, familiares e médicos", destaca Rita Medeiros.

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