quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Frente A frente com o carrasco


Paris (AE) - A seleção brasileira entra em campo nesta quarta-feira, às 17 horas (no RN), no Stade de France, com um desafio duplo: acabar com um tabu de quase 20 anos sem vencer a França e conquistar a primeira vitória contra uma equipe tradicional do futebol mundial na era Mano Menezes. Em Paris, a seleção enfrenta o seu maior carrasco das últimas duas décadas na esperança de lançar de fato o projeto para a formação de uma base capaz de disputar a Copa do Mundo de 2014, em casa, como a grande favorita.

jacques brinon/ap/aeAmbas as seleções passam por mudanças profundas e Mano Menezes precisa explicar ao novo grupo o caminho certo para tentar acabar com um tabu histórico que incomoda o Brasil há várias geraçõesAmbas as seleções passam por mudanças profundas e Mano Menezes precisa explicar ao novo grupo o caminho certo para tentar acabar com um tabu histórico que incomoda o Brasil há várias gerações
De ambos os lados do campo, as seleções estarão lutando na realidade para recuperar a imagem duramente arranhada com o fiasco no Mundial da África do Sul. Trinta dos 46 jogadores convocados pelas duas equipes têm menos de 25 anos e quase todos ainda lutam por um lugar no time. Do lado brasileiro, um meio de campo inédito e zagueiros jovens passarão por uma prova de fogo e um teste crítico para começar a determinar quem é que ficará para a Copa América, na Argentina, em julho. Do lado francês, o novo time de Laurent Blanc terá de provar à sua torcida que o fiasco da Copa de 2010 é coisa do passado e que não há porque ter saudosismo da época de Zidane.

Outro desafio será o de romper o tabu francês e nada melhor que o fim de 19 anos de jejum é uma revanche para isso. Em número de vitórias, o Brasil ainda leva vantagem sobre a França. São cinco vitórias, quatro derrotas e quatro empates. Mas os números escondem uma realidade bem mais dramática. A França impediu a conquista da medalha de ouro pelo Brasil nas Olimpíadas de 1984, eliminou o Brasil na Copa do Mundo de 1986, humilhou a seleção de Zagallo na final do Mundial de 1998 e, em 2001, mandou a seleção de volta para casa na Copa das Confederações. A última grande derrota ocorreu na Copa de 2006, quando Zidane deu um baile no time de estrelas do Brasil nas quartas de final e deu um fim à era de Cafú, Roberto Carlos e Ronaldo. A última vitória do Brasil data de 1992, em um amistoso sem graça.

Técnico francês diz que Brasil traz lindas memórias

Laurent Blanc, técnico da França, admite que o Brasil traz “lindas memórias de vitórias aos torcedores franceses”. Mas tenta minimizar o peso dos resultados no jogo. “De tudo o que ocorreu em 1998, só fica mesmo o estádio. O resto é tudo diferente. Os jogadores, o momento”, disse Blanc. “Não estamos na mesma época. Além disso, quando a bola rola, ninguém pensa nisso”, afirmou.

A situação que vive o Brasil e a França hoje faz os “anos dourados” de ambas equipes parecerem apenas miragem. Entre 1994 e 2004, quase todos os campeonatos haviam sido vencido por uma das duas seleções. De um total de oito competições organizadas pela Fifa nesse período, seis foram vencidas ou pelo Brasil ou pela França. O domínio era tão grande que o jogo que comemorou os 100 anos da Fifa, em 2004, foi disputado justamente entre Brasil e França. Nesta quarta, esse reinado parece fazer parte da história.

Inédito

Mano Menezes vai estrear nesta quarta-feira contra a França um meio de campo inédito e que o próprio técnico adversário, Laurent Blanc, já admite: é superior em qualidade ao da França. Cumprindo à risca o projeto da CBF de renovar o grupo após fiasco no Mundial da África do Sul, o comandante brasileiro deve levar a campo os volantes ofensivos Lucas, Elias e Hernanes, além do armador Renato Augusto, revelado pelo Flamengo e atualmente no Bayer Leverkusen, considerado uma das maiores promessas no Campeonato Alemão, com apenas 20 anos de idade.

“Vou jogar na posição em que eu mais gosto, aberto pela direita, e espero contribuir com a seleção”, afirmou Renato Augusto. “Espero que ele faça um bom jogo e que aproveite a oportunidade”, enfatizou o treinador.

Mano Menezes, no entanto, admite que não está fácil encontrar um camisa 10, um grande nome que arme o jogo e crie oportunidades para os atacantes.

Clássicos agitam o dia mundo afora

Além do duelo entre Brasil e França, mais 43 amistosos movimentam o mundo nesta quarta-feira. Destaque para grandes encontros envolvendo seleções de ponta. Em Genebra, na Suíça, a Argentina vai medir forças com Portugal, às 17h (no RN), em um duelo que colocará frente a frente o meia argentino Lionel Messi, do Barcelona, e o atacante português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid.

Os dois jogadores são as apostas de suas seleções para este jogo e para as próximas competições. Lionel Messi é um eterno contestado pela torcida argentina, que não aceita o fato dele não conseguir render pela seleção o mesmo que no Barcelona, onde tem brilhado nos últimos anos. Já Cristiano Ronaldo perdeu prestígio em seu país após ter atuação discreta na Copa do Mundo da África do Sul, onde sua seleção acabou eliminada nas oitavas de final.

Um pouco mais cedo, às 16h45 (no RN), a Alemanha recebe a Itália em Dortmund. A exemplo de Portugal, as duas seleções estão se preparando para a Eurocopa de 2012 e encaram o teste com grande seriedade.  Atual campeã do mundo, a Espanha abre as portas de Madri para duelar com a Colômbia, que se prepara para a Copa América do meio do ano, que será disputada na Venezuela. Já a Inglaterra visita a Dinamarca, em Copenhagen. Algoz da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da África do Sul, a Holanda, jogando em casa, em Eindhoven, coloca seus atletas em ação contra a Áustria, que não deverá oferecer muito trabalho.

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