Nas comunidades Pau de Jucá, Lagoa de Pedra, Itu, Picada, Porto, Cuó, Luzeiro, São Miguel, Barra, Salinas, Deus Nos Guie, Santa Quitéria e Passagem, todas localizadas na zona rural de Ipanguaçu, só é possível chegar com o auxílio de canoas e cerca de 650 famílias estão ilhadas. De acordo com a assessoria de imprensa do município, 60% da população do município está na zona rural. As famílias que tiveram as casas atingidas pelas águas foram alojadas em abrigos públicos instalados em escolas municipais e estaduais, ou para casas de parentes e amigos. Na cidade, os bairros mais atingidos foram Maria Romana, Ubarana, Manoel Bonifácio e Pinheirão.
Moradores da comunidade rural Luzeiro, o agricultor Valdemiro Alves Martins, 40, e a dona de casa Maria do Socorro da Rocha, 38, enfrentaram a água no joelho para chegar à secretaria municipal de Assistência Social para pedir ajuda. "A comunidade está isolada, é água por todos os lados. Nossa casa só foi atingida pela água no domingo, mas nós montamos uma barraca de lona em uma parte mais alta do sítio e estamos dormindo lá. Nós não podemos sair de lá porque temos galinhas, pato, até uma vaca, e se sairmos o povo pode roubar. Estamos aqui para pedir ao menos uma cesta básica pra gente", disse o agricultor.
A família da dona de casa Maria Cirino da Silva Lima, 63, não teve como permanecer em sua casa, no bairro Maria Romana, e foi levada para a Escola Municipal Professora Maria Rizomar de Figueiredo Barbosa, que hoje serve de abrigo para 12 famílias. Em um local que antes funcionava uma sala de aula, ela organizou os poucos móveis que conseguiu salvar. "Somos oito pessoas aqui, vivendo de improviso, sem ter idéia de quando poderemos voltar pra casa", disse, angustiada. Essa não é a primeira vez que dona Maria é levada com a família para um abrigo. Em 2009, ela permaneceu três meses em um local improvisado pela prefeitura, por causa das inundações. "Todo ano é assim, todo mundo sabe que isso vai acontecer e ninguém faz nada. Os prefeitos prometem daruma casa em outro lugar, tirar a gente de lá, e até hoje nada. Quando a água baixar eu sei que eu vou voltar é pra minha casa velha mesmo, que é a úni ca que eu tenho", disse.
Outras 127 famílias estão na mesma situação de dona Maria. Vivendo em abrigos, esperando a água baixar para voltar para suas casas. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Ipanguaçu, Luiz Alberto da Silva, todas as famílias que estavam em locais de risco foram levadas para abrigos e o órgão permanece de plantão para auxiliar novas vítimas, caso o nível da água do rio continue a subir.
As crianças de Ipanguaçu estão sem aulas desde o início das inundações porque a única escola municipal localizada na área urbana da cidade serve de abrigo para as famílias e os alunos das nove escolas da zona rural não têm como chegar aos colégios. A assessoria de imprensa do município informou que a secretaria municipal de educação está viabilizando palestras e atividades culturais nas escolas que servem de abrigo e que as aulas só serão retomadasquando as famílias retornarem para suas casas e as dependências dos colégios forem desocupadas.
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