domingo, 1 de maio de 2011

A Via Crucis por uma consulta médica

Sistema online de marcação não funciona e usuários do SUS são obrigados a longas esperas por atendimento


Dormir na fila ou chegar antes das 4h da manhã e, depois, ainda aguardar horas para ser atendido, mesmo com hora marcada. É essa a realidade de quem necessita de atendimento nos centros clínicos do município. Mesmo utilizando o sistema nacional online de marcação de consultas, fornecido pelo Ministério da Saúde, não é possível agendar atendimentos nos centros clínicos de Natal com mais de um dia de antecedência. Apesar da grande demanda de pessoas nas quatro policlínicas espalhadas pela cidade, a única reclamação perene nos corredores é sobre a dificuldade em conseguir agendar um atendimento, e não a falta de médicos.


Em muitos casos, pacientes são levados a dormir em filas ou chegar às 3h da manhã para conseguirem uma ficha que garanta assistência Foto:Fábio Cortez/DN/D.A Press
"A minha esposa veio e madrugou na fila. Ela chegou aqui às quatro horas da manhã de ontem (27) para poder conseguir marcar a minha consulta para hoje (28)", informou o comerciário Francisco das Chagas Sousa, 37 anos, que buscava um dermatologista há mais de cinco meses para tratar de uma dermatite que se espalhava pelo corpo. Ele questiona sobre o porquê das consultas não poderem ser agendadassem a necessidade de enfrentar filas diárias. "Hoje em dia, quando tudo está modernizado, deveria ser possível marcar, através da internet, para daqui a uma semana, um mês", exemplificou o comerciário, que estava pela primeira vez na Policlínica Norte, no bairro de Santa Catarina.

A dona de casa Conceição Silva, 53 anos, já é paciente da Policlínica Norte há cerca de oito anos. Desde que teve o diagnóstico de depressão, as consultas com a psiquiatra são realizadas semanalmente. "Para marcar o retorno é mais tranquilo. Eles (os médicos) dão um papelzinho". Conceição, que mora no Soledade I, afirmou que não lembrava a última vez que foi a um posto de saúde. Segundo ela, não há médicos na unidade. "Quando preciso ir ao médico, peço encaminhamento à doutora (psiquiatra)". Conceição revela ainda que algumas pessoas aproveitam a dificuldade na marcação das consultas para ganhar dinheiro. "Tem gente que fica na fila de madrugada e vende o lugar por cinco, ou até dez reais, para marcar o exame. Quando tinha o ambulatório funcionando era pior". Mesmo afirmando que não é complicado marcar os retornos, Conceição madrugou na unidade. "Ontem (27) eu cheguei às 3h e marquei a consulta para hoje (28), às 8h".

A também usuária da policlínica em Santa Catarina, Antônia de Souza, 60 anos, endossou a dificuldade em marcar as consultas. "Não há mais médico no posto do Soledade II, então não tem como pegar encaminhamento. Consegui em outra consulta aqui no centro", informou ela, que chegou às 6h para ter uma consulta com um médico gastroenterologista que começaria a atender às 8h, por ondem de chegada. A reclamação sobre a dificuldade para marcação de consultas nos centros clínicos também permeia a unidade do Distrito Leste, na Ribeira.

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