Abrangência da Operação Carro Pipa demonstra deficiências do abastecimento no RN
Erta Souza // ertasouza.rn@dabr.com.br
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A pesar de ter passado por um procedimento cirúrgico há apenas sete meses para implantação de duas válvulas no coração afetado por uma febre reumática, a funcionária pública Mônica Firme de Carvalho, 28 anos, não pode ter o repouso que deveria devido à falta de água que acomete a comunidade Jucuri, em Lagoa de Velhos, cidade distante cerca de 90 quilômetros de Natal.
![]() Agricultor, Edmilson Barbosa conta que convive desde a infância com a falta de água em seu distrito Foto:Ana Amaral/DN/D.A Press |
Embora o RN esteja registrando em 2011 índices de intensidade pluviométrica satisfatórios, já que dezenas de reservatórios sangraram e outros se aproximam de sua capacidade máxima, mais de 100 mil pessoas dependem da Operação Pipa para ter acesso à água de boa qualidade. Somente no mês de março foram beneficiadas com a operação 113.851 pessoas, em 68 municípios do estado.
Mesmo beneficiando milhares de pessoas, a Operação Pipa foi suspensa no início de abril devido à falta de recursos. Portanto, a situação pode se complicar ainda mais para essa parcela da população norte-rio-grandense que depende dos carros-pipas. O coronel Francisco de Assis Xavier Reis, assessor parlamentar do Comando da 7ª Brigada de Infantaria Motorizada, informou que esse tipo de paralisação é comum, especialmente em período de chuva. "O Exército só contrata os 'pipeiros' quando os recursos são liberados. Enquanto isso não acontece, a operação é suspensa", afirma.
Realizada numa parceria dos ministérios da Defesa e Integração Nacional, a Operação Pipa é executada pelo Exército. Para ser atendido pelos carros-pipas, os gestores dos municípios devem decretar estado de emergência - comprovando a deficiência de água ou perda de safra - e encaminhar documentação ao Ministério da Integração Nacional. Após a constatação da necessidade, o ministério autoriza o Exército a executar a operação. Uma equipe militar faz o levantamento dos recursos necessários e envia ao Ministério da Integração, para que as verbas sejam liberadas e os "pipeiros" - como são conhecidos os proprietários dos carros-pipas - contratados.
Mônica Firme de Carvalho, aquela que passou por uma cirurgia há sete meses, conta com a ajuda do filho Wesley Firme de Carvalho Gomes, 13 anos, para conseguir lavar a roupa dos quatro membros da família agachada na calçada de sua casa. "Ele me ajuda muito carregando água e também lavando algumas peças de roupa quando é necessário", conta. A funcionária conta que desde cedo ensinou aos filhos a importância de economizar água.
A situação da família de Mônica poderia ser amenizada se a adutora Monsenhor Expedito - que tem 339 quilômetros de extensão, atende 23cidades e 53 comunidades das regiões Agreste, Trairi e Potengi - funcionasse bem. Entretanto, o mais comum na comunidade Jucuri é faltar d´água. Por isso, a necessidade dos carros-pipas. A funcionária pública garantiu que ficou três meses sem água da adutora e que o problema é corriqueiro. "O anormal aqui é ter água vinda dessa adutora. Contamos mesmo com a água do carro-pipa para beber e cozinhar", diz.
Embora tenha apenas 21 anos, o agricultor Edmilson Barros da Silva diz que desde criança convive com a ausência de água na cisterna de sua casa, mas a família não está inclusa na Operação Pipa porque a tubulação da adutora Monsenhor Expedito passa próximo à residência. Mesmo no período de chuva, ele afirma que é necessário abastecer a casa com água da Estação de Bombeamento 12 da Adutora Monsenhor Expedito. "Ainda bem que podemos abastecer nossos reservatórios dessa estação porque a falta de água aqui é constante", declara o agricultor que afirma levar água para dividir com alguns vizinhos.
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