segunda-feira, 20 de junho de 2011

Do Agreste para o mundo

Projeto de categorias de base na cidade de Arez forma atletas para o futebol mundial
Luan Xavier // luanxavier.rn@dabr.com.br



Quando o empresário Ricardo Montoya pensou em criar um projeto social voltado ao esporte, não imaginou que escolheria o município de Arez, tampouco que serviria de exemplo para clubes ditos profissionais no que diz respeito à formação de atletas. Aos 43 anos, o espanhol, empresário da construção civil, torcedor do Real Madrid e apaixonado por futebol, foi achar na região Agreste a possibilidade de promover a inclusão social através do futebol e ainda realizar o sonho de vários meninos carentes de ir jogar fora do Brasil. Hoje, o Projeto Gol, apesar de ainda enfrentar algumas dificuldades principalmente relacionadas à política local, segue de vento em pouca e conta com a ajuda de um grupo de empresários, amigos de Ricardo que conheceram e adotaram a ideia do espanhol. Três meninos estão com malas prontas para a Europa e outros tantos alimentam o sonho de seguir os passos dos colegas.


Foto: Eduardo Maia/DN/D.A Press
Heberton e Wellington são personagens desse sonho. O primeiro nasceu e foi criado em Arez. O segundo foi descoberto em São Paulo após colocar um vídeo com jogadas suas na internet. Aos 17 anos, Heberton Ferreira da Silva tinha apenas uma opção antes de conhecer o Projeto Gol. Trabalhar e estudar para continuar ajudando sua família. Ele até já tentou a sorte em um clube da capital, mais precisamente o ABC, onde entrou no time Sub-17 e permaneceu dois anos. A distância de casa e a falta de incentivo o fizeram frear o sonho. O menino, que joga de volante, se encontrou no projeto e agora já sonha em dar passos mais largos assim como os colegas mais velhos. "Meu sonho é ir para a Europa", diz. Heberton mora com os pais, irmãos e uma avó, totalizando sete pessoas na mesma casa. A renda familiar vem a atividade do pai, que é feirante, e com quem Heberton trabalha nos dias de feira livre na cidade. Jogar na Europa significaria uma mudança radical em sua vida. "Eu iria sentir muita falta, mas se é o melhor para ele, eu deixaria ele ir", diz a mãe Maria Coluna, de 38 anos.

Já o volante paulista Wellingtonestá de malas prontas para dar mais um voo, desta vez para Portugal, onde ao que tudo indica irá defender as cores do Sporting Clube Ferreirense, time da Vila Ferreira Do Antelejo, região central do país, que prioriza a disputa de campeonatos de base. Com tamanho feito, ele não economiza nos agradecimentos. "O projeto me tirou do barro e me levou para os gramados da Europa. Literalmente", diz Wellington. Aos 21 anos, carrega na mala uma enorme responsabilidade. Desde o início da adolescência, quando perdeu seu pai, ele é o responsável pelo sustento da mãe e de seus quatro irmãos. Para isso ele fazia bicos e trabalhava como servente de pedreiro em algumas comunidades da capital paulista. "Quero jogar em um clube da Europa e dar uma vida estável a minha família", conta.

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