sexta-feira, 24 de junho de 2011

Máscaras sensoriais em cena


Companhia gaúcha de teatro traz espetáculo inusitado a Natal neste fim de semana
Sérgio Vilar // sergiovilar.rn@dabr.com.br



P oucos privilegiados recebem elogio da colunista e crítica de teatro do jornal O Globo, Barbara Heliodora. E os gaúchos da Cia do Giro participam do seleto círculo. Eles estarão hoje em Natal para realizar um intercâmbio com o grupo Clowns de Shakespeare. Os diretores dos dois grupos ministrarão um workshop sobre técnicas de máscaras larvárias no Barracão do Clowns, das 14h às 18h. Os interessados devem encaminhar e-mail com nome completo, telefone e endereço para o e-mail: arlindo@clowns.com.br. A Cia do Giro também fará duas apresentações do espetáculo Larvárias, na Casa da Ribeira. Será amanhã e domingo, às 20h.


Espetáculo Larvárias estreou em 2005 e foi o primeiro no mundo a estabelecer uma narrativa usando somente esse tipo de máscaras Foto: Claúdio Etges/Divulgação/D.A Press
Mas, o que são "máscaras larvárias"? As tais máscaras foram introduzidas no universo teatral na década de 60 pelo francês Jacques Lecoq e desde então foram desenvolvidos princípios técnicos para sua utilização no espaço cênico. As máscaras são estruturas enormes, brancas, semelhantes a uma escultura. Quando colocadas sobre a face, remetem imediatamente a figura humana a um universo delicado e sutil. Não há texto, apenas uma elaborada comunicação gestual. De vários formatos, estas máscaras de expressões fixas oferecem uma incrível capacidade de transformação, sendo que uma mínima alteração no ângulo que se apresenta para o espectador sugere outra figura, como em uma constante metamorfose. Daí a origem do seu nome.

O espetáculo retrata os aspectos delicados e graciosos do cotidiano, seu humor e poesia. De um imenso mundo branco, surgem máscaras-larvas em diferentes estados e formas: figuras intermediárias que contêm o homem e o bicho, que não estão resolvidas em características humanas, mas que também não são animais. O espetáculo fala dos encontros e desencontros desses seres, seus atritos, confusões, equívocos e aproximações, ampliando o mundo fenomenal que envolve o contato entre eles. O imaginário é amplamente instigado como fonte de criação e comunicação, pois a figura da máscara larvária e sua forma indefinida levam o ator a criar a partir de estímulos não-lógicos e pré-estabelecidos, a trabalhar com idéias consideradas absurdas que possam surgir do inconsciente.

O cenário inteiramente branco remete o espectador a um passeio por um universo de sensações e imagens que é valorizado em sua expressão plástica através dos minuciosos recursos da luz, figurino e música. Larvárias é um convite a imaginação através de uma experiência sensorial única. Uma página em branco a ser colorida pelo universo simbólico do espectador.

O espetáculo, que possui 55 minutos de duração, conta com dois atores em cena, além de um elemento cênico de extrema importância: uma bola inflável branca, com 2,5m de altura, com a qual os personagens interagem todo o tempo. O trabalho de interpretação de Daniela Carmona e Adriano Basegio é de excepcional sutileza ao valorizar o quieto e o vazio, características que vêm desaparecendo de nossa cultura atual.

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