quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pacientes sofrem com superlotação na Januário Cicco


Maternidade prestava cuidados, ontem, a 104 mulheres, mas só tem 86 leitos à disposição
Sérgio Henrique Santos // sergiohenrique.rn@dabr.com.br

"E stamos com vontade de chorar, espearnear, pedir socorro a alguém". A frase que normalmente se ouve nas ruas, de pessoas que sentem seus direitos violados é um desabafo de uma pediatra, Maria da Guia Medeiros, diretora médica da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), da UFRN, que ontem registrou a maior superlotação este ano.


Devido à situação, passou a ser comum ver usuárias nos corredores da unidade. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press.
Os 86 leitos existentes na maior maternidade pública do Rio Grande do Norte não são suficientes para atender toda a demanda. Atualmente 104 mulheres estão em trabalho de parto, vindas das mais diversas partes do Estado e da capital. Como são apenas 86 leitos, 18 delas aguardam vagas deitadas em macas nos corredores, sentadas em cadeiras de plástico e utilizando camas emprestadas do Centro Cirúrgico e do vizinho Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol).

É visível que não há conforto. As mulheres se vêem obrigadas a retirar as sondas e curativos, dar os primeiros passos após a cirurgia e tomar banho ali mesmo, às vistas das outras parturientes e acompanhantes. "É o jeito ficar aqui. Se Deus quiser vai aparecer uma vaga daqui pra depois de amanhã", desejou Maria das Dores, dona de casa que veio de Serrinha, interior do Estado, parir seu primeiro filho, Samuel, em Natal. "Há duas semanas atendemos assim. Está tudo cheio, mas nos últimos dois dias a situação virou um caos", revela a diretora médica.

Por ser a MEJC uma maternidade terciária, segundo Maria da Guia, só deveriam ser encaminhadas para lá mulheres com gravidez de risco. Partos mais simples poderiam ser feitos nas maternidades do município ou do Estado (caso do Hospital Santa Catarina, na Zona Norte). "Estamos fazendo aqui partos sem riscos porque elas não tem para onde ir. Não rejeitamos nenhuma, e não adianta só culpar os municípios do interior. Há grande demanda desses municípios, mas há também aqui de Natal", desabafou a médica. "Tem duas maternidades mais próximas de onde moro, que é a de Parnamirim e a das Quintas, mas vim pra cá porque lá está lotado", disse a natalense Antônia Mônica, mãe de Maísa.

Nenhum comentário: