segunda-feira, 6 de junho de 2011

Comprar mais por muito menos

Com oferta de descontos generosos, sites de compra coletiva viram febre e proporcionam novos prazeres
Alex Costa // alexcosta.rn@dabr.com.br
Especial para O Poti


Liquidação total, o patrão enlouqueceu! Iogurte gelado de R$ 9 por R$ 2,69. Pizza grande, de R$ 35 por R$ 9,90. Depilação completa, de R$ 135 por R$ 29. Calma, ninguém está doido. Essas ofertas são reais e estão na internet. Bem vindo ao mundo das compras coletivas. Silencioso e sorrateiro, a novidade chegou no Brasil no início do ano passado e no Nordeste em meados de outubro de 2010. Hoje, é cada dia maior a quantidade de compradores e clientes que investem nesse novo mercado tecnológico.


Diego Ribeiro está sempre atento às promoções Foto: Eduardo Maia/DN/D.A Press
Para quem ainda não embarcou nesta febre, o modelo mais comum funciona assim: um site oferece um serviço ou produto com um "descontão", de 50% a 90%, durante 24 horas. Mas esse preço baixinho só tem valor se um número determinado de pessoas comprar a oferta. Depois de atingido esse número mínimo, todos ganham os cupons que dão direito à promoção.

Em Natal, os dois primeiros web sites a lançarem promoções na cidade foram o Peixe Urbano e o Groupon Clube Urbano, que estrearam por aqui praticamente na mesma data, em outubro do ano passado. Desde então, como uma onda tsunâmica, o negócio só fez crescer e se espalhar, seguindo-se o surgimento de canais de vendas exclusivamente potiguares.

Bom para as mulheres que se orgulham de uma compra bem feita e baratinha. Mônica Américo, 46, não perde um super desconto. Pela internet, comprou um dia de madame em um SPA. Banho de espuma e sais, esfoliação, escalda pés, uma sessão de reflexologia, além de uma super massagem corporal: tudo isso por apenas R$ 99 - uma economia de R$ 360 frente aos R$ 459 do preço original. "Se o propósito era relaxar, estou super relaxada. Ainda mais para quem vive viajando e trabalhando, acumulando estresse. E pelo preço que foi, nem se fala", afirma a empresária.

Os sites de compra coletiva mexem com um fator que é fundamental na hora da compra: o tempo. O relógio está correndo e o consumidor faz a compra por impulso. Muitas vezes, ele não precisa tanto daquilo que está levando, mas ele compra. A promoção está lá, vai durar muito pouco e, na dúvida, muitos escolhem aproveitar.

A cada oportunidade atrativa, em que vale a pena o investimento, o advogado Diego Ribeiro Dantas, 26, não pensa duas vezes e compra, ainda que não precise no momento. "Tem coisas que são imperdíveis, não dá para desperdiçar. Tenho bastante cupom guardado para usufruir. Alguns eu até dou de presente", diz.

Diego conta que parou um pouco mais de comprar na internet, devido ao grande número de cupons acumulados (mais de20), e afirma ter transformado o que eram duas compras por dia em duas compras por semana. "Preciso gastar os cupons que tenho acumulado primeiro, para não perderem a validade e se tornar um investimento perdido. Mas eu garanto, assim que tiver terminado de gastar, vou voltar ao ritmo antigo", assegura.

Nas compras do advogado agregam-se estadias em pousadas, programações em bares, danceterias, teatro, cinema e, imprescindivelmente, em alimentação. "Nunca tive problemas no ato do desconto de nenhum cupom, nem nunca me trataram mal. Até porque, pelo que eu acredito, o objetivo deles é apresentar um serviço ou um produto e fazer com que a pessoa goste e volte mais vezes", afirma. Sempre a procura de novos canais que oferecem descontos em produtos e serviços pela internet, Diego conta que tem o espaço "Favoritos" do seu computador pessoal repleto de sites dessa categoria.

O estudante de direito Michel Frederick, 26, é outro apaixonado pelas grandes ofertas com grandes descontos. Apesar das vantagens que as promoções têm no bolso do consumidor, Michel teme que o serviço não seja bem oferecido em alguns locais onde são mostrados os cupons de compra. "Na última vez que fui a um restaurante e apresentei o cupom, senti no tom de voz da atendente, e na maneira de tratamento, um certo desprezo. Parecia que não fazia questão que eu estivesse ali, o atendimento foi demorado e eu não me senti bem", conta.

Através de amigos e redes sociais, Ronny Bastos descobriu a nova moda da internet. Há mais ou menos um ano, o analista de sistemas de 23 anos já sondava o mundo das compras coletivas, que acontecia de uma forma já bem expressiva no Sudeste do país. "Quando chegou por aqui, passei a investir. Mas é claro, eu sempre estou de olho nesses canais. Mas só compro quando preciso, e quando acho a oferta interessante, espalho para os meus amigos, para irem aos lugares comigo", relata.

Fiel a três grandes sites que oferecem serviços, Ronny costuma comprar cupons para pizzarias, paintball, parques aquáticos e não perdeu a última ofertado Pittsburg, com a proposta de um sanduíche por apenas um centavo. "Promoções interessantes, que dá para fazer com os amigos. Sem contar com os altos descontos. O maior que consegui foi 70%.", completa.

A compra é coletiva e o prazer também. Tão certo que o publicitário Sidnei Oliveira comprou um jantar surpresa para a namorada, que adora comida japonesa. Revelando o valor do presente, a surpresa: o prato, para duas pessoas, que sairia por R$ 92 terminou custando R$ 37 com a oferta. "Eu fiquei bem ressabiado no início. Porque a internet a gente tem uma tendência a não confiar. E eu não tinha o costume de comprar nada, e ainda ter que colocar senha, por ser cartão de credito, mas quando eu conversei com uns dois ou três amigos, e eles já tinham comprado, fiquei mais confiante. Fiz a primeira compra, beleza. Fiz a segunda compra, beleza. Agora fico lá pesquisando pra ver o que acontece".

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